"Das cavernas nós
viemos, ensaiando futuras sociedades, comendo pequenos animais
torrados em fogueiras, mastigando piolhos uns dos outros. Esses caras
não sabiam o gatilho que um dia iriam apertar. Não sei quem foi o
primeiro ser humano macho que resolveu dar uns bombons diferentes e
caros a uma mulher, que resolveu dar um sorriso a mais do que devia a
uma quase estranha e depois de um tempo resolveu condicionar sua
existência à dela através de um novo e recém criado sentimento; não conheci também o primeiro celenterado que resolveu que saltar de moto sobre 30 carros e aparecer nos videos mais incríveis do mundo seria uma boa idéia, mas se tivesse conhecido, não faria diferença.
Nós hoje damos valor ao risco, ao sofrimento iminente, um valor heróico ao arrojo sem sentido, seja fumando no posto de gasolina antes do frentista chegar falando que vapor de gasolina pega fogo, ou aquelas cenas do cara indo atrás da mulher da vida na área de embarque do aeroporto
numa comédia romântica fundo branco, enfim, grande progresso. No
entanto eu tenho absoluta convicção de que algumas coisas realmente
não mudaram desde as cavernas, tenho certeza que, por exemplo, o
hábito de tirar meleca é tão velho quanto o de dormir no fim de um longo dia. Consigo visualizar um
neanderthal recostado numa pedra, ou num monte de feno, com o
dedão no nariz e dando petelecos no ar depois de cumprir uma bela
refeição, e sei que desse hábito nem ontem nem hoje há de resultar
algum tipo de insegurança pessoal ou angústia, há o prazer de
futucar as narinas, há o prazer de tirar as meias no fim do dia, há
o prazer primitivo de fazer sexo e essas
ações sempre correspondem com a instantânea e honesta
satisfação, que, por ser simples, é a única realmente despida de cinismo. Tento evitar decepções a
todo custo, as acho bobocas, desnecessárias por isso tendo a viver sem maiores rodeios. Sempre achei piegas e deoucí
essa estorinha jogral de viver intensamente, isso pra mim sempre foi
um luxo. Com
vinte e poucos anos, uma barriga e uma uma cama numa república, não dá pra largar tudo e ter uma banda, mas dá pra zerar zelda ocarina of time. Eu vivo em todos os âmbitos da minha vida sem passar pelo
atalho da floresta, sem confiar em qualquer simpático, sem a ilusão
de fazer da vida o que o meu talento pede, até porque se eu tivesse
um grande talento seria o de majestosamente tentar evitar o mal
estar.
02/2011
Aguardo os próximos capítulos!
ResponderExcluirComo já dizia vovó, "quem arrisca não petisca", mas isso eu tbm deixo p/s outros xD
Agora eu vou visualizar um primata, que depois de um dia cansativo, tendo que matar mamutes e arrastar a mulher pelos cabelos, só quer recostar em sua caverna e arrancar melecas hahahahaahahahahaha
(não podia deixar de mencionar a comédia romântica fundo branco,né? xD)
Gostei =)
tomara que nos próximos capítulos eu não escreva de novo cinismo com s hahahaha =D
ResponderExcluir