quinta-feira, 1 de junho de 2017

Sua brisa é presente no meu rosto nos menores elevadores 
o cheiro é de bolo quente e lembra casa e belos dias.
Ao som do bar se unem nossos suspiros silêncios,
não à toa coincidentes.
Os brindes engraçados, com garrafas e copos,
destejam a minha glória que,
mesmo se for fracasso,
será o traço do tempo sem fim que dura esse beijo. Tempo passado, reinado em mim.
Celebrado










segunda-feira, 2 de setembro de 2013

olá,

tudo bem
tudo
beleza!
riso
que te traz aqui
a nada de mais e você
tédio, sei bem
quanto tempo
é, verdade
e o resto
que nada
mas tá tudo bom
bom saber
com certeza
e novidade
a gente marca
uma saudade
sim,
de repente: beijos



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

voz


ouço atento os lábios
moldes simples
Seus lábios junto a um par de olhos
sorriem
para o ar que é ainda estático
leio fotos
e entendo o óbvio
dizem

sua harmonia tempera
tingindo o ar estreito
feito
efeito grave de um cutelo àfiar

abissal
seu som é consonante par
reproduz seu dever valvulado
de ser fado
sublime forma sólida
vibra aqui serena
tímida ao lado

(05/2012)



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Poema feliz

Até o maluco tem os seus padrões,
nas viradas: exceções
dentro de seus aceitos.
O que eu faço não é nada disso
sou estranho homem feito
e tudo admito mesmo


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

3 poesias

você é o sangue que pulsa
bem bonita
sendo ainda
dona desse manejo
que levemente aflito me deixa
pelo fino que tirou
do lugar que entrou
pela porta entreaberta
na abertura era certa
e seu corpo de força e finesa
saiu implorando um desejo
pedindo alerta fera
ou um soldado em perigo
por algum tipo de esperteza
esperta (quem me dera)
indigente quimera aos poucos sai.
pra trás.
corre e tropeça
mas não sabe
nem metade
das pegadas que o curupira entra,
que rebobina ódio e acerta
essa raiva que amanhã não tem mais

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pra que serve a palavra
as minhas não sabem

quero falar de você aqui
nesse espaço branco e cinza
em que você falta

tanto aqui quanto a mim

mas a palavra não sai
quer dizer, não sabe

sair elas até saem

eu te amo

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o cigarro não é mais
que a comida não é, mas
o vinho seria mas não é suficiente
não é mais
não assim, mulher!
cada um com sua parte
e chego a dizer que
qualquer metade talvez servisse
sabe lá o que vai ser?
vai ver que mais dia
saio de bem com você
para um passeio com todas as suas
que são suas mas
seriam mais lindas se
num alívio abraço
e tudo mais:
bebidas, comidas,
menos labios vazios
de cigarros,vinhos
vazios dos seus ares, beijos e outros cálices
da sua vontade de menos receio
que ainda vejo mínima
e desejo
ainda






segunda-feira, 17 de setembro de 2012

reflexo

não vi o meu reflexo na vidraça da loja
não exatamente
vi nas minhas sua iris, vaga
no meu corpo, o seu presente, vago
nova espécie
ente duplo doente
nativivo moribundo
que pelo curto tempo de vida
e condição de mutação indevida
parece ter o bônus
de entender por inteiro a breve existência de si
pois nasce sabendo que o fim
é primeiro

da nossa imagem já vi o bastante
volto bem pro que faço
passo ando
e assim no papel de alma deixo o seu corpo
deixo etéreo nossa imagem virtual
e a nossa criação desfalece
amorfa, inerte,
você
e o que assusta é a sua negligência,
o jeito como já se vira e fala com alguém
nem se lembra de alguma coisa:
o que você viu não era seu
o pesar não é seu
tampouco o quase
sorrio
não viu que de dentro
onde se acha ver o que acontece
não reflete,
nunca refletiu

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O espaço é vício na teia, capcioso e pronto para dar um golpe ele esconde o mistério da sua existência. A clareza do seu determinismo é a mesma que secretamente se converte em dúvida nas suas concessões, ele nos ama mas desdenha.
Lhes digo que é um inseguro recalcado que tenta não expor suas fragilidades.
Lhes digo que o espaço ri escondido, existindo e desaparecendo de propósito sem avisar. No entanto ele padece no seu caráter, tem um gosto mórbido pelo desconhecimento alheio do que ele julga inferioridade, ele zomba fingindo falar sério e não compartilha o escárnio com comparsas, a piada só existe pra ele.

A única forma de não implodir é recriar o espaço na estufa e equilibrar a equação. Cabeça que nasce hipobárica e que nas persistentes tentativas de se preencher acaba arrebentando válvulas  ou até - há casos - explodindo.
A receita não é difícil de se vislumbrar nem de tão difícil execução.
Preparemos no nosso mecanismo lógico um pequeno ladrão, um furo um pouco abaixo do limite de capacidade que faça com que o mundo se ache elogiado em sua fútil complexidade.
Este, como um bom recalcado, terá suas desconfianças e paranóias, e na verdade nunca descobrirá se é assim tão belo ou se rimos de seu alface no dente.
A verdade é que não sorrimos por nenhum dos dois,
e isso torna tudo mais divertido